ATPC - 01/09/2015
Vídeo: MGME - Estratégias de Leitura
Texto para estudo: ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS DE COMPREENSÃO LEITORA
Vídeo: MGME - Estratégias de Leitura

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Para I. Solé (1998), as estratégias para a compreensão
leitora “são procedimentos de caráter elevado, que envolvem a presença de
objetivos a serem realizados, o planejamento das ações que se desencadeiam para
atingi-los, assim como sua avaliação e possível mudança” (SOLÉ, p. 69).
Mais adiante, essa autora salienta que no ensino da leitura devem ser
considerados a elaboração e o uso de procedimentos gerais, que possam ser
transferidos, sem maiores dificuldades, para situações de leituras múltiplas e
variadas .
Ela aponta as seguintes estratégias para o leitor utilizar e poder
compreender o que está lendo:
- Antes da leitura: estratégias para o leitor se dotar de objetivos de leitura e atualizar os conhecimentos prévios relevantes;
- Durante a leitura: estratégias que permitem o leitor estabelecer inferências, rever e comprovar sua compreensão enquanto lê e tomar decisões apropriadas diante de erros ou falhas nessa compreensão;
- Depois da leitura: estratégias para o leitor recapitular o conteúdo, a resumi-lo e a ampliar o conhecimento que obteve quando leu.

Motivação para a leitura:
Não se deve iniciar nenhuma atividade de leitura sem que os alunos sejam
motivados para ela, isto é, sem que lhe atribuam sentido. Assim, eles devem saber o
que fazer, conhecer os objetivos que se pretende alcançar com a leitura, devem
sentir que são capazes de fazê-la.
Objetivos da leitura:
Os objetivos dos leitores com relação a um texto são muito variados, assim
o professor deve considerar no ensino, objetivos gerais, tais como: o Ler para
- obter uma informação precisa: é a leitura que se realiza para encontrar algum dado, como por exemplo, consultar um dicionário ou uma lista telefônica;
- seguir instruções: é a leitura que permite se fazer algo concreto, como por exemplo, ler a receita de um bolo, um manual de aparelho eletrônico;
- obter uma informação de caráter geral: é a leitura que se faz quando se quer saber de que trata um texto, saber o que acontece, ver se interessa continuar lendo;
- aprender: é uma leitura com características diferentes das anteriores, pois quando se lê para estudar, o leitor sente-se mergulhado num processo de auto-interrogação, de estabelecer relações com o que já sabe, de fazer recapitulações e sínteses. É comum elaborar resumos e esquemas, anotar as dúvidas, estratégias essas, que permitem a elaboração de significados caracterizadores da aprendizagem;
- revisar um escrito próprio: é uma leitura crítica, que poderá levar o aluno a melhorar sua escrita, pois quando se lê o que se escreveu, o autor revisa a adequação do texto que produziu para transmitir o significado que o levou a escrevê-lo. Assim, a leitura exerce um papel de controle;
- fruição: nessa leitura o que importa é a experiência emocional que ela despertou. Assim, é importante que o leitor vá elaborando seus critérios para selecionar os textos que lê, bem como, para avaliá-los e criticá-los;
- verificar o que se compreendeu: nesse caso, os alunos devem dar conta da sua compreensão, respondendo a perguntas sobre texto, fazendo sua recapitulação.
1- Dar alguma explicação geral sobre o texto a ser lido, seu tema ou
conteúdo, o tipo textual, para que os alunos possam relacioná-lo às
suas experiências. Ao combinar essas informações com os objetivos
para a leitura, eles possuirão, antes de iniciar a leitura um esquema ou
plano que lhes dirá sobre o que fazer com ela e o que ele sabe ou não
sobre o que vai ler;
2- Ajudar os alunos a prestar atenção a determinados aspectos do texto,
o que poderá ativar seus conhecimentos. Assim, é interessante
comentar sobre os títulos e subtítulos, ilustrações, gráficos,
sublinhados, palavras-chave e expressões como “A ideia fundamental
que se pretende transmitir...”, “um exemplo do que se quer dizer...”, e
outros indicadores;
3- Incentivar os alunos a comentarem o que sabem sobre o tema ou
assunto, substituindo a explanação do professor.
4- Fazer previsões sobre o texto:
O professor deve estimular os alunos a fazer hipóteses e previsões e sua
verificação. Também pode se basear no tipo textual, nos títulos, ilustrações etc., e
nas experiências dos alunos. Pode perguntar, por exemplo, o que pensa que vai
encontrar no texto, de que ele vai tratar e pedir para que veja se as suas previsões
se concretizaram;
5- Incentivar a formulação de perguntas sobre o texto:
Nesse caso, os alunos podem interrogar uns aos outros ou se autointerrogar,
assumindo a responsabilidade sobre seu processo de aprendizagem.
Estarão não somente utilizando o seu conhecimento anterior mas também se
conscientizando sobre o que sabem ou não sabem sobre o assunto do qual o texto
trata. É importante que as perguntas que possam surgir estejam de conformidade
com o objetivo geral da leitura do texto. Por exemplo, quando se trata de um texto
expositivo, sua organização orienta quanto à informação que ele contém e, assim, a
fazer com que as perguntas formuladas antes da leitura afetem seu conteúdo
essencial; mas se se tratar de um texto causa/efeito, as questões se relacionarão
aos fatos ou problemas e aos efeitos que eles causam; e, finalmente, um texto
expositivo-comparativo conduzirá a perguntas sobre as semelhanças e as diferenças
entre fatos ou conceitos nele contidos.
DURANTE A LEITURA
Tarefas de leitura compartilhada:
Nesse caso, professor e alunos revezam-se e trocam seus papéis na
organização da tarefa de leitura. Primeiramente, deve acontecer uma demonstração
do modelo do professor e, em seguida, o assumir progressivo de responsabilidades
de parte dos alunos, em torno de quatro estratégias importantes para uma leitura
eficiente:
1-Formular previsões sobre o texto a ser lido;
2-Formular perguntas sobre o que foi lido;
4-Resumir as idéias do texto.
Quando os alunos se acostumarem com esse trabalho, poderão ser organizadas situações de pequenos grupos ou duplas, nos quais cada participante se reveza para assumir a função de diretor.
A leitura independente:
Além de incentivar a leitura por fruição, todos os professores e não
exclusivamente os de Língua Portuguesa, podem se propor o objetivo de se usar
certas estratégias em tarefas de leitura individual. Pode-se, por exemplo, fornecer
aos alunos materiais preparados para que eles pratiquem por sua própria conta
algumas estratégias já utilizadas nas aulas de leitura. Estes materiais podem se
relacionar a diferentes objetivos de leitura, como por exemplo, se que se propõe é
que os alunos realizem previsões sobre o que estão lendo, podem ser inseridas ao
longo do texto questões que o façam formular hipóteses sobre o que pensa que vai
acontecer na seqüência; se se pretende trabalhar o controle da compreensão, pode-se
dar aos alunos um texto que contenha erros ou incoerências, pedindo que eles as
encontrem, ou então não lhes pedir nada, para ver se as localizam; também pode
ser feito um trabalho através de textos com lacunas, para que os alunos façam
inferências, importando aqui, não a exatidão das palavras ou frases, mas a
coerência da resposta, que constitui a prova de que ocorreu a compreensão.
Os erros e as lacunas da compreensão:
De acordo com Collins e Smith (1980) citados por Solé (1998, p128), esses
problemas se referem à compreensão de palavras, de frases, nas relações entre as
frases e no texto em seus aspectos mais globais. Dessa forma, as lacunas na
compreensão podem advir do fato de não se conhecer algum dos elementos citados
ou ao fato de o significado dado pelo leitor não ser compatível com a construção do
sentido do texto. Igualmente podem existir vários sentidos possíveis para a palavra,
frase ou para um trecho, e, assim, a dificuldade está em se decidir qual o mais
adequado. As dificuldades mais corriqueiras em se considerando o texto em sua
totalidade relacionam-se à impossibilidade de se determinar o tema, de identificar a
mensagem ou à incapacidade de entender por que certos acontecimentos ocorrem.
Estratégias que interrompem bruscamente a leitura, como consultar o dicionário ou
fazer perguntas ao professor só são válidas caso a palavra em questão for absolutamente necessária para a compreensão do texto, pois quando o leitor
interrompe a leitura, ele perde a concentração. Assim, é importante se ensinar
estratégias e também que aquelas que interrompem a leitura só devem ser utilizadas
quando ocorrer uma necessidade real; e, quando uma palavra, frase ou fragmento
não forem importantes para a compreensão, o mais certo a fazer é aconselhar o
aluno a ignorá-la e continuar a ler. Isso dá resultado e é um procedimento muito
utilizado por leitores proficientes, que realizam uma leitura rápida e eficaz. Porém,
pode não funcionar, então é preciso recorrer a consultas (ao dicionário, aos colegas
ou ao professor).
DEPOIS DA LEITURA
1- A ideia principal:
Informa sobre o enunciado ou enunciados mais importantes de que o autor
se utiliza para explicar o tema, aquilo do que trata um texto e pode expressar
perante uma palavra ou uma expressão. Ela pode estar evidente no texto e surgir
em qualquer ponto dele ou pode estar implícita; pode estar construída em uma frase
ou mais e fornece maior informação. Para localizá-la, basta responder à seguinte
pergunta: qual é a ideia mais importante que o escritor quer explicitar com referência
ao tema?
2- O resumo:
A elaboração de resumos é uma das estratégias necessárias para se
chegar ao tema de um texto, para identificar a ideia principal e as ideias
secundárias. Assim, é fundamental que os alunos compreendam por que precisam
fazer resumos, que vejam resumos prontos, que o façam conjuntamente com o
professor e que utilizem essa estratégia de maneira independente. O resumo é uma
ferramenta ótima para se saber o que aprendeu e o que falta aprender; ele é uma
genuína estratégia para a aquisição do conhecimento.
3- Formular e responder a perguntas: É um procedimento muito utilizados nas salas de aula, depois da leitura, e,
em geral, consta também nos livros didáticos. Além de aparecer como uma atividade
de ensino, é muito comum ser utilizada para a avaliação da compreensão. É
importante elucidar, segundo Solé, que:
ensinar a formular e a responder perguntas sobre um texto é uma
estratégia essencial para uma leitura ativa, pois o leitor capaz de formular
perguntas pertinentes sobre o texto está mais capacitado para regular seu
processo de leitura e, portanto, poderá torná-lo mais eficaz. (SOLÉ, 1998,
p.155).
De acordo, ainda, com a autora (Solé, 1998, p.156) que se fundamentou
nos trabalhos de Pearson e Johnson (1978), as perguntas podem ser:
1-Perguntas de resposta literal, que se encontram diretamente no texto;
2-Perguntas cuja resposta pode ser depreendida, mas que requer que o aluno
relacione diversos elementos do texto e que faça alguma inferência;
3-Perguntas pessoais, que tomam o texto como referencial, mas cuja resposta
não pode ser inferida do mesmo, requerem conhecimento prévio ou a opinião
do aluno.
ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA O ENSINO MÉDIO, APLICADAS A TEXTOS
JORNALÍSTICOS; Elizete Firak

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