segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ATPC - 01/09/2015


    Vídeo: MGME - Estratégias de Leitura 


Texto para estudo: ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS DE COMPREENSÃO LEITORA 

(...)
Para I. Solé (1998), as estratégias para a compreensão leitora “são procedimentos de caráter elevado, que envolvem a presença de objetivos a serem realizados, o planejamento das ações que se desencadeiam para atingi-los, assim como sua avaliação e possível mudança” (SOLÉ, p. 69). Mais adiante, essa autora salienta que no ensino da leitura devem ser considerados a elaboração e o uso de procedimentos gerais, que possam ser transferidos, sem maiores dificuldades, para situações de leituras múltiplas e variadas . Ela aponta as seguintes estratégias para o leitor utilizar e poder compreender o que está lendo: 

  • Antes da leitura: estratégias para o leitor se dotar de objetivos de leitura e atualizar os conhecimentos prévios relevantes;
  • Durante a leitura: estratégias que permitem o leitor estabelecer inferências, rever e comprovar sua compreensão enquanto lê e tomar decisões apropriadas diante de erros ou falhas nessa compreensão;
  • Depois da leitura: estratégias para o leitor recapitular o conteúdo, a resumi-lo e a ampliar o conhecimento que obteve quando leu. 
ANTES DA LEITURA

Motivação para a leitura: Não se deve iniciar nenhuma atividade de leitura sem que os alunos sejam motivados para ela, isto é, sem que lhe atribuam sentido. Assim, eles devem saber o que fazer, conhecer os objetivos que se pretende alcançar com a leitura, devem sentir que são capazes de fazê-la. 

Objetivos da leitura: Os objetivos dos leitores com relação a um texto são muito variados, assim o professor deve considerar no ensino, objetivos gerais, tais como: o Ler para 
  • obter uma informação precisa: é a leitura que se realiza para encontrar algum dado, como por exemplo, consultar um dicionário ou uma lista telefônica; 
  • seguir instruções: é a leitura que permite se fazer algo concreto, como por exemplo, ler a receita de um bolo, um manual de aparelho eletrônico; 
  • obter uma informação de caráter geral: é a leitura que se faz quando se quer saber de que trata um texto, saber o que acontece, ver se interessa continuar lendo; 
  • aprender: é uma leitura com características diferentes das anteriores, pois quando se lê para estudar, o leitor sente-se mergulhado num processo de auto-interrogação, de estabelecer relações com o que já sabe, de fazer recapitulações e sínteses. É comum elaborar resumos e esquemas, anotar as dúvidas, estratégias essas, que permitem a elaboração de significados caracterizadores da aprendizagem; 
  • revisar um escrito próprio: é uma leitura crítica, que poderá levar o aluno a melhorar sua escrita, pois quando se lê o que se escreveu, o autor revisa a adequação do texto que produziu para transmitir o significado que o levou a escrevê-lo. Assim, a leitura exerce um papel de controle; 
  • fruição: nessa leitura o que importa é a experiência emocional que ela despertou. Assim, é importante que o leitor vá elaborando seus critérios para selecionar os textos que lê, bem como, para avaliá-los e criticá-los; 
  • verificar o que se compreendeu: nesse caso, os alunos devem dar conta da sua compreensão, respondendo a perguntas sobre texto, fazendo sua recapitulação. 
Ativar o conhecimento prévio: É necessário que o professor verifique constantemente qual o conhecimento prévio e/ou enciclopédico que os alunos trazem, pois eles condicionam enormemente a construção do sentido; não se referem apenas aos conceitos dos alunos, mas também aos seus interesses, expectativas, vivências. Dessa forma, o professor deve: 

1- Dar alguma explicação geral sobre o texto a ser lido, seu tema ou conteúdo, o tipo textual, para que os alunos possam relacioná-lo às suas experiências. Ao combinar essas informações com os objetivos para a leitura, eles possuirão, antes de iniciar a leitura um esquema ou plano que lhes dirá sobre o que fazer com ela e o que ele sabe ou não sobre o que vai ler; 
2- Ajudar os alunos a prestar atenção a determinados aspectos do texto, o que poderá ativar seus conhecimentos. Assim, é interessante comentar sobre os títulos e subtítulos, ilustrações, gráficos, sublinhados, palavras-chave e expressões como “A ideia fundamental que se pretende transmitir...”, “um exemplo do que se quer dizer...”, e outros indicadores; 
3- Incentivar os alunos a comentarem o que sabem sobre o tema ou assunto, substituindo a explanação do professor.
4- Fazer previsões sobre o texto: O professor deve estimular os alunos a fazer hipóteses e previsões e sua verificação. Também pode se basear no tipo textual, nos títulos, ilustrações etc., e nas experiências dos alunos. Pode perguntar, por exemplo, o que pensa que vai encontrar no texto, de que ele vai tratar e pedir para que veja se as suas previsões se concretizaram; 
5- Incentivar a formulação de perguntas sobre o texto: Nesse caso, os alunos podem interrogar uns aos outros ou se autointerrogar, assumindo a responsabilidade sobre seu processo de aprendizagem. Estarão não somente utilizando o seu conhecimento anterior mas também se conscientizando sobre o que sabem ou não sabem sobre o assunto do qual o texto trata. É importante que as perguntas que possam surgir estejam de conformidade com o objetivo geral da leitura do texto. Por exemplo, quando se trata de um texto expositivo, sua organização orienta quanto à informação que ele contém e, assim, a fazer com que as perguntas formuladas antes da leitura afetem seu conteúdo essencial; mas se se tratar de um texto causa/efeito, as questões se relacionarão aos fatos ou problemas e aos efeitos que eles causam; e, finalmente, um texto expositivo-comparativo conduzirá a perguntas sobre as semelhanças e as diferenças entre fatos ou conceitos nele contidos. 


DURANTE A LEITURA 
Tarefas de leitura compartilhada: Nesse caso, professor e alunos revezam-se e trocam seus papéis na organização da tarefa de leitura. Primeiramente, deve acontecer uma demonstração do modelo do professor e, em seguida, o assumir progressivo de responsabilidades de parte dos alunos, em torno de quatro estratégias importantes para uma leitura eficiente:






1-Formular previsões sobre o texto a ser lido;
2-Formular perguntas sobre o que foi lido; 
3-Esclarecer possíveis dúvidas sobre o texto;
4-Resumir as idéias do texto. 

Quando os alunos se acostumarem com esse trabalho, poderão ser organizadas situações de pequenos grupos ou duplas, nos quais cada participante se reveza para assumir a função de diretor. 

A leitura independente: Além de incentivar a leitura por fruição, todos os professores e não exclusivamente os de Língua Portuguesa, podem se propor o objetivo de se usar certas estratégias em tarefas de leitura individual. Pode-se, por exemplo, fornecer aos alunos materiais preparados para que eles pratiquem por sua própria conta algumas estratégias já utilizadas nas aulas de leitura. Estes materiais podem se relacionar a diferentes objetivos de leitura, como por exemplo, se que se propõe é que os alunos realizem previsões sobre o que estão lendo, podem ser inseridas ao longo do texto questões que o façam formular hipóteses sobre o que pensa que vai acontecer na seqüência; se se pretende trabalhar o controle da compreensão, pode-se dar aos alunos um texto que contenha erros ou incoerências, pedindo que eles as encontrem, ou então não lhes pedir nada, para ver se as localizam; também pode ser feito um trabalho através de textos com lacunas, para que os alunos façam inferências, importando aqui, não a exatidão das palavras ou frases, mas a coerência da resposta, que constitui a prova de que ocorreu a compreensão. 

Os erros e as lacunas da compreensão: De acordo com Collins e Smith (1980) citados por Solé (1998, p128), esses problemas se referem à compreensão de palavras, de frases, nas relações entre as frases e no texto em seus aspectos mais globais. Dessa forma, as lacunas na compreensão podem advir do fato de não se conhecer algum dos elementos citados ou ao fato de o significado dado pelo leitor não ser compatível com a construção do sentido do texto. Igualmente podem existir vários sentidos possíveis para a palavra, frase ou para um trecho, e, assim, a dificuldade está em se decidir qual o mais adequado. As dificuldades mais corriqueiras em se considerando o texto em sua totalidade relacionam-se à impossibilidade de se determinar o tema, de identificar a mensagem ou à incapacidade de entender por que certos acontecimentos ocorrem. Estratégias que interrompem bruscamente a leitura, como consultar o dicionário ou fazer perguntas ao professor só são válidas caso a palavra em questão for absolutamente necessária para a compreensão do texto, pois quando o leitor interrompe a leitura, ele perde a concentração. Assim, é importante se ensinar estratégias e também que aquelas que interrompem a leitura só devem ser utilizadas quando ocorrer uma necessidade real; e, quando uma palavra, frase ou fragmento não forem importantes para a compreensão, o mais certo a fazer é aconselhar o aluno a ignorá-la e continuar a ler. Isso dá resultado e é um procedimento muito utilizado por leitores proficientes, que realizam uma leitura rápida e eficaz. Porém, pode não funcionar, então é preciso recorrer a consultas (ao dicionário, aos colegas ou ao professor). 


DEPOIS DA LEITURA 



1- A ideia principal: Informa sobre o enunciado ou enunciados mais importantes de que o autor se utiliza para explicar o tema, aquilo do que trata um texto e pode expressar perante uma palavra ou uma expressão. Ela pode estar evidente no texto e surgir em qualquer ponto dele ou pode estar implícita; pode estar construída em uma frase ou mais e fornece maior informação. Para localizá-la, basta responder à seguinte pergunta: qual é a ideia mais importante que o escritor quer explicitar com referência ao tema?

2- O resumo: A elaboração de resumos é uma das estratégias necessárias para se chegar ao tema de um texto, para identificar a ideia principal e as ideias secundárias. Assim, é fundamental que os alunos compreendam por que precisam fazer resumos, que vejam resumos prontos, que o façam conjuntamente com o professor e que utilizem essa estratégia de maneira independente. O resumo é uma ferramenta ótima para se saber o que aprendeu e o que falta aprender; ele é uma genuína estratégia para a aquisição do conhecimento. 

3- Formular e responder a perguntas: É um procedimento muito utilizados nas salas de aula, depois da leitura, e, em geral, consta também nos livros didáticos. Além de aparecer como uma atividade de ensino, é muito comum ser utilizada para a avaliação da compreensão. É importante elucidar, segundo Solé, que: ensinar a formular e a responder perguntas sobre um texto é uma estratégia essencial para uma leitura ativa, pois o leitor capaz de formular perguntas pertinentes sobre o texto está mais capacitado para regular seu processo de leitura e, portanto, poderá torná-lo mais eficaz. (SOLÉ, 1998, p.155). De acordo, ainda, com a autora (Solé, 1998, p.156) que se fundamentou nos trabalhos de Pearson e Johnson (1978), as perguntas podem ser: 
1-Perguntas de resposta literal, que se encontram diretamente no texto; 
2-Perguntas cuja resposta pode ser depreendida, mas que requer que o aluno relacione diversos elementos do texto e que faça alguma inferência; 
3-Perguntas pessoais, que tomam o texto como referencial, mas cuja resposta não pode ser inferida do mesmo, requerem conhecimento prévio ou a opinião do aluno.  

ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA O ENSINO MÉDIO, APLICADAS A TEXTOS JORNALÍSTICOS;  Elizete Firak 


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