GUIA DE FLEXIBILIZAÇÃO
Revista Nova Escola
Para flexibilizar o conteúdo,
você precisa sondar o que o aluno já sabe, adaptar o que for necessário e fazer
uma boa avaliação. Abaixo, veja a descrição de cada uma dessas etapas.
1º Diagnosticar
Lembre-se de que, para construir novos
conhecimentos, o estudante precisa contar com um ponto de partida, isto é, com
algum conhecimento já construído por ele e que esteja relacionado ao conteúdo
estudado no momento. Por meio de uma sondagem (um diagnóstico inicial) descubra
o que ele já sabe e verifique como pode contribuir com o coletivo. Tire o foco
do diagnóstico médico e proponha situações desafiadoras para descobrir até onde
o aluno pode chegar. Os laudos médicos são importantes para que conheçamos
algumas características que costumam estar presentes em alunos com alguns tipos
de deficiência, mas não contribuem para planejar o dia a dia em sala de aula.
É muito comum, sobretudo nos
casos de alunos que apresentam algum tipo de deficiência intelectual, que a preocupação seja sobre o que “está
faltando”, sobre aquilo que ele não sabe, mas isso raramente ajuda. Em vez de olhar para as dificuldades, foque
nas possibilidades de aprendizagem. Você pode propor uma atividade diagnóstica
específica e, no dia a dia, manter o olhar atento sobre o que o aluno conhece,
qual a sua participação em projetos e trabalhos em grupo e em todas as
atividades cotidianas. (...)
2º Adaptar (ou flexibilizar)
Lembre sempre que as atividades
são planejadas com base no contexto da sala de aula. Em algumas situações de
adaptação curricular, é necessário transformar apenas os objetivos das
sequências didáticas. Em outros casos, você deverá flexibilizar os meios para
realizar certas atividades, lançando mão de mais recursos sonoros, visuais ou
táteis, por exemplo. (...)
O currículo deve ser adaptado ou
personalizado se o professor, junto à equipe pedagógica da escola, reconhecer a
necessidade de o aluno contar com intervenções que se diferenciam de forma
significativa das aplicadas ao resto da classe. Todos os alunos precisam
aprender e construir procedimentos e posturas condizentes com a condição de
estudantes. Portanto, nada de deixar seu
aluno com deficiência como “café com leite” da turma.
Para exemplificar, listamos
algumas orientações gerais de flexibilização para casos de deficiência
intelectual, física, visual e auditiva. Veja:
Deficiência Intelectual: cada um destes alunos é único. Por isso, é preciso conhecer os pontos fracos
e fortes dessa criança para fazê-la avançar pelos meios mais adequados. É comum
que estes estudantes tenham dificuldades com conteúdos abstratos.
Contextualizar as atividades e os
conteúdos com situações do cotidiano podem ajudá-la a aprender. Outra sugestão
é flexibilizar o tempo de realização da atividade conforme o ritmo da criança e
repetindo as etapas sempre que for preciso. Isso não quer dizer que daremos a
eles “todo o tempo do mundo”, pois, assim como os demais, esses alunos precisam
ser desafiados a fazer as atividades em um tempo cada vez mais curto.
Deficiência Física: se o seu
aluno possui deficiência física nos membros superiores, ofereça a ele
pranchetas com apoios para que tenha firmeza ao escrever. Os lápis e canetas
também devem estar envoltos em espuma, para que não escorreguem. Se houver
limitação nos membros inferiores, este não é um motivo para excluir o aluno das
aulas de Educação Física. Eles podem participar jogando com as mãos e você pode
adaptar algumas modalidades para que todos joguem nas mesmas condições.
Deficiência Visual: em parceria
com o AEE, ofereça registros escritos em braile ao aluno cego. Deixe que ele
grave as aulas e, se tiver uma máquina braile, respeite o tempo de escrita
desta criança (que pode ser maior que o dos colegas). Providencie, ainda,
estímulos táteis, auditivos e olfativos, para que a criança consiga perceber
texturas, formas e aromas.
Deficiência Auditiva: ter um
intérprete de Libras na escola é um direito. Mas, se a sua escola ainda não
contar com a ajuda deste profissional, não desista. Abuse dos estímulos visuais e táteis, ofereça bons registros escritos e
em imagens e ajude o seu aluno no dia a dia. Proponha que ele sente nas
carteiras da frente e procure falar olhando para o aluno, caso ele seja capaz
de fazer a leitura orofacial.
3º Avaliar
Determine metas, intervenções e
objetivos de aprendizagem específicos para os alunos que apresentam algum tipo
de deficiência. Consequentemente, a
avaliação desses estudantes vai refletir as adaptações que você fez para
ensinar, já que a avaliação é sempre pautada no que já foi dado em sala de
aula.
É fundamental considerar que, se
a classe inteira está fazendo uma prova, esse aluno também deverá ser submetido
à situação de avaliação que, obviamente, deverá ser construída a partir do que
foi trabalhado com ele. Conte com vários instrumentos de avaliação e selecione
aqueles que proporcionem maior número e qualidade de informações acerca do
desempenho. É sempre bom lembrar que os alunos com deficiência precisam passar
pelos momentos avaliação ao mesmo tempo que os colegas. Podemos dizer que este
é um princípio importantíssimo para seu processo de inclusão efetivo.
Ainda que a classe esteja
trabalhando na área de Matemática com as frações, por exemplo, e ele com os
cálculos simples, o aluno deve ser submetido à prova que aborda estes cálculos,
deve ser orientado para estudar, e sua prova deve ser montada como as outras.
Detalhes como cabeçalho idêntico ao da prova regular, sistema de avaliação
(notas ou conceitos) e correção/devolução no mesmo dia e na mesma hora do
grupo, são importantíssimos.
A observação do aluno em momentos
de aprendizagem ou de atuação coletiva é mais um instrumento bastante valioso e
oferece a possibilidade de avaliar outros tópicos, que não os avaliados em uma
prova, ou outra situação formal de aprendizagem. Assim, todos os instrumentos
são importantes, mas nenhum deles substitui outro.
Não se esqueça de fazer bons
registros de todas as atividades realizadas com a turma e de guardar as
produções dos alunos. Isso vai ajudá-lo a traçar um panorama de aprendizagem e
focar, no planejamento, os pontos em que o aluno ainda precisa avançar. Você
também deve criar relatórios periódicos com as análises quantitativa e
qualitativa do desempenho dos alunos e utilizar esses dados no momento de
replanejar as aulas ou de repensar algumas atividades.
Checklist: sete passos para
flexibilizar suas aulas
Guia de Flexibilização NOVA ESCOLA
Veja abaixo o que não pode faltar
na hora de adaptar o conteúdo para alunos com necessidades educacionais
especiais:
Conheça o estudante, descubra o que ele já sabe
e até onde pode ir.
Planeje como ensinar de modo que ele aprenda e
se sinta parte do grupo.
Considere as habilidades do estudante e quais
potencialidades ele pode desenvolver ao longo da vida escolar.
Busque o apoio dos gestores da escola.
Realize uma parceria com o profissional do
atendimento educacional especializado (AEE).
Busque mais informações sobre a deficiência do
aluno e adaptação em materiais de formação, livros e noGuia de Flexibilização
NOVA ESCOLA
